terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
Dos mais tradicionais aos novatos, vale tudo para superar a falta de investidores
Este ano pode não ser igual àquele que passou, mas nem a crise financeira do estado, que tem afastado os investidores, tira o ânimo de quem promove o Carnaval de Rua do Rio. Ao todo, 29 blocos vão estrear na folia, alguns com novidades. O novato Os 20 de Ouro do Mestre Odilon, que pretende levar ao público as emoções de grandes carnavais da Marquês de Sapucaí, resolveu fazer uma “vaquinha” para botar o bloco na rua. Os fundadores e integrantes mais apaixonados doam dinheiro do próprio bolso: uma mensalidade de R$ 20.
O bloco nasceu em 2016, mas os cerca de 300 ritmistas já se conhecem há pelo menos 30 anos. Fazem parte das baterias das principais escolas de samba do Rio. “Com essa mistura, pretendemos agitar o público com sambas inesquecíveis da Sapucaí”, explica Luiz Annunciação, um dos fundadores. Segundo ele, a ideia é desfilar antes do Carnaval para não atrapalhar os integrantes das escolas de samba. A concentração está marcada para as 14h de sábado na Estrada do Rio Jequiá, na Ilha do Governador.
O Cordão da Bola Preta garante voltar a arrastar um milhão de foliões e já prepara centenário para 2018
Arquivo O Dia
Além de tradicionais marchinhas e dos sambas enredo, existe espaço para blocos temáticos e para o encontro de fãs de rock. O Aí Sim!, fundado este ano por um grupo de amigos, pretende homenagear a banda Forfun, que encerrou as atividades em 2015.
Também planejam relembrar músicas que marcaram o cenário underground carioca dos anos 2000. “Ainda não conseguimos patrocinadores, mas a apresentação vai ocorrer graças ao apoio de uma banda que nos cedeu os instrumentos. Vai ser uma tarde nostálgica”, comentou Igor Rocha, um dos organizadores. O bloco se concentra dia 4 de março, às 14h, na Praça Xavier de Brito, na Tijuca.
A dificuldade para levantar recursos também atingiu tradicionais blocos, como o Cordão da Bola Preta, que faz 99 anos. O presidente da agremiação, Pedro Ernesto, garante mesmo com o cenário econômico complicado o desfile não será impactado. “O Carnaval é nosso maior símbolo e não vamos deixar de fazer nossa festa. Pretendemos fazer uma nova contagem do público no ano que vem para atingir a marca de maior bloco de Carnaval do mundo. O Bola Preta merece esse presente no ano do seu centenário”, antecipa. Para a apresentação os organizadores estimam um gasto de R$ 200 mil.
“Já temos praticamente todos os recursos necessários para promover o desfile. Carnaval não é momento para pensar só em crise. É hora de brincar, ser feliz e curtir a vida, sem esquecer, é claro, de respeitar o semelhante e o patrimônio público”, concluiu. O Bola Preta se apresenta no sábado de Carnaval, na Rua Primeiro de Março, no Centro. A expectativa é reunir 1 milhão de pessoas.
Carro de som subiu até 35%
Para Rita Fernandes, presidente da Associação Sebastiana, que reúne 11 blocos que desfilam nas ruas da Zona Sul, Santa Teresa e Centro, com a crise, os organizadores vão precisar de criatividade. “Os custos para contratar um carro de som subiram pelo menos 35% em relação a 2016 e os patrocinadores estão reduzindo o repasse de recursos, mas com criatividade vai ser possível fazer uma grande festa. Estamos vendendo camisas dos blocos e bebida durante os ensaios para conseguir mais dinheiro”, explica.
Segundo Rita, o Rio serviu como inspiração para outras capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Brasília investirem em Carnaval de rua. Com isso, turistas que costumavam viajar para o Rio devem ficar em suas cidades, para reduzir gastos.
Festa também no Boulevard
Os foliões terão até o dia 5 de março para aproveitar os 451 blocos que vão se apresentar pela cidade. Ao todo, serão 578 desfiles, já que alguns dos blocos se apresentam mais de uma vez. Outra novidade será a inclusão do Boulevard Olímpico, na Orla Conde, como espaço para a concentração de foliões. O local reuniu um grande público durante os Jogos Olímpicos e deve repetir o feito no Carnaval.
Um palco será montado na Praça Mauá para a apresentação de artistas. A expectativa da Riotur é que 1,1 milhão de turistas venham para a cidade no Carnaval, injetando cerca de R$ 3 bilhões na economia. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) estima que a ocupação hoteleira chegue a 80%.
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