sábado, 7 de janeiro de 2017

Blocos de carnaval já arrastam multidões em ruas do Rio


Este ano, 550 agremiações solicitaram autorização para desfilar em 2017
 

RIO - Já tem visto purpurina e escutado marchinhas por aí? Não é miragem. Agendado para os últimos dias de fevereiro, o carnaval vem dando os primeiros acordes com ensaios de blocos de rua pela cidade.


— Foi um ano bem complicado, as pessoas estão ansiosas por extravasar, se divertir, esquecer os problemas. Senti isso na primeira edição do Verão do Spanta Neném (que reuniu 2 mil foliões no dia 3), um desejo de renovação. Acho que a gente vai conseguir dar essa virada de energia — acredita Chico Nogueira, um dos organizadores do bloco.

Os ensaios do Spanta, sempre na sede de remo do Flamengo, na Lagoa, fazem parte das comemorações pelos 15 anos do bloco. A celebração será divida em suaves prestações: a próxima apresentação será sábado que vem, a partir das 16h, com a participação da banda É o Tchan!, do baiano Netinho e dos sertanejos Henrique & Diego. O tema da vez é “Na diferença, a gente se encontra”.

— Fui ao primeiro ensaio e pretendo ir a todos. Já estou super em clima de carnaval. Com a proximidade do verão, a praia, a atmosfera da cidade, tudo fica diferente — garante a advogada Ana Carolina Freire.

O primeiro grito de carnaval foi dado pelo Prata Preta, que fez um cortejo pelas ruas do Santo Cristo e da Gamboa no último sábado de outubro. O bloco também está em festa: comemorou seus 12 anos em 19 de novembro, com um ensaio aberto na Praça da Harmonia. A folia se repetirá no próximo dia 19, a partir das 15h, na Praça Mauá, quando o Museu do Amanhã celebrará seu primeiro aniversário.



— Nosso samba é em homenagem aos 100 anos da Revolução Russa, completados em 2017. Pediremos aos foliões para entrarem na brincadeira e se vestirem a caráter, de sovietes, camponeses — adianta Fábio Sarol, representante do Prata Preta.

Por falar em fantasias, a presidente da Liga Sebastiana, que reúne 11 blocos de rua, como o Carmelitas e o Suvaco do Cristo, aposta que os cariocas, mais do que nunca, vão ter a política nacional como dress code carnavalesco.

— As fantasias virão com muita ironia e colocando à mostra as feridas da nação. Todos os personagens que ficaram evidentes com os escândalos de corrupção e com a operação Lava-Jato servirão de inspiração. Desde os que estão em cana, como o Eduardo Cunha e o Sérgio Cabral, até o juiz Sérgio Moro. Os foliões vão brincar de polícia e ladrão — diverte-se Rita.

Para ela, quanto mais a situação aperta, mais as pessoas têm vontade de ir para as ruas contestar:

— O carnaval tem esse poder de contestação. Será um momento de catarse do povo brasileiro. Catarse do bem, diferente das manifestações violentas que temos visto. As manifestações podem até ser menores, por falta de dinheiro, mas serão mais afetivas. As pessoas vão tentar se juntar mais para encontrar motivos para celebrar.

Para driblar a falta de dinheiro, a Sebastiana e a liga Amigos do Zé Pereira, que reúne outros nove blocos de rua, como a Orquestra Voadora e o Céu na Terra, se uniram para buscar patrocínio.

— Fizemos um casamento na captação de recursos, para nos fortalecer. Estamos negociando com um patrocinador, e a verba que conseguirmos será dividida entre os blocos das ligas. No que depender de nós, o carnaval será 150% — afirma Rodrigo Rezende, presidente da Liga do Zé Pereira.

Um dos blocos mais tradicionais do Rio, que costuma arrastar milhões pelas ruas do Centro, o Cordão da Bola Preta também está à procura de possíveis investidores.

— Costumamos desfilar com quatro trios elétricos. Se não conseguirmos patrocínio, pode acontecer uma redução. Mas espero que isso não ocorra. Estamos comemorando 99 anos, na expectativa pelo centenário do bloco, em 2018 — diz o presidente do Bola Preta, Pedro Ernesto Marinho.

Este ano, 550 blocos solicitaram autorização da prefeitura para desfilar em 2017. No carnaval passado, foram 503 pedidos. A Riotur, no entanto, afirma que o número de agremiações aprovadas dependerá do estudo de viabilidade que está sendo feito pelo órgão, cujo resultado final só sairá no início de janeiro.



Nenhum comentário:

Postar um comentário