segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Última noite de desfiles tem grande festa na passarela do samba



Oito escolas de samba do grupo especial proporcionaram uma grande festa na última noite do desfile (3/2) oficial de Santos na Passarela Dráusio da Cruz, na Zona Noroeste. As apresentações fizeram o público cantar e dançar ao ritmo das pulsantes baterias. A apuração será dia 6, no Teatro Municipal, quando serão conhecidas as grandes campeãs do Carnaval santista.
Real Mocidade
A Real Mocidade Santista abriu no sábado (3) o desfile do grupo especial do carnaval de Santos. A escola pisou na passarela no início da noite e levou muito luxo para falar sobre o seu símbolo no enredo Leão, da África é nossa realeza...símbolo de força, de garra e nobreza.
Com 1.400 componentes, a agremiação do Marapé contou a origem do animal, fatos, contos e lendas e o seu sucesso nas telas do cinema, lembrando de filmes como Rei Leão e o personagem do Mágico de Oz. Tudo isso empolgada sob o forte refrão do samba A Realeza chegou/Não vou conter minha voz/Ouça o rugido ecoar...feroz!.
À frente do segundo carro alegórico, o destaque foi Ana Circulete, 53 anos, que mostrou muito samba no pé. Moradora de Itanhaém, ela desfila pelo segundo ano na Real. “Me apaixonei pela escola e vou em todos os ensaios. Nosso enredo tá muito bonito e a escola vem pra brilhar”.
União Imperial
        As cores verde, rosa e dourado invadiram a avenida na apresentação da União Imperial. Com 1.300 integrantes, 120 ritmistas e 11 alas, a escola mostrou o enredo Nkisi Samba Kalunga – A saga do meu batuque, contando a história do samba desde os primórdios.
O público cantou junto o refrão ÔÔÔ, sou da pele preta! O meu batuque tem axé! Hoje o canto que emana O som que arrepia Vem do Quilombo Marapé’. A União também surpreendeu com a participação de Scheila Carvalho, madrinha da bateria.
        Uma das integrantes, Patrícia Fernandes, 40, moradora do Marapé, acompanha a escola desde os 10 anos e já desfilou diversas vezes com a agremiação. “De todos as vezes que estive na passarela com a União, está é a mais especial, pois trouxe minha filha pela primeira vez”, disse emocionada. A menina de apenas seis anos, Lorena Fernandes, estava feliz por se apresentar ao lado da mãe. 

Brasil
A terceira escola a desfilar no sambódromo foi a Brasil. A Campeoníssima, como é conhecida a agremiação do bairro da Aparecida, saiu com 1.200 componentes para apresentar o enredo Canta Brasil, as canções que você fez para mim. O samba-enredo citou trechos de vários ‘hinos’ da cultura nacional, como Aquarela Brasileira, de Ary Barroso, e Garota de Ipanema, de Toquinho e Vinicius de Moraes.  
Muitos ídolos da MPB foram exibidos nas alegorias, entre eles os ícones da Tropicália como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Gosta. A cantora Carmen Miranda foi lembrada em carro alegórico e também na comissão de frente pela caracterização da bailarina Mariana Vasconcelos, 24 anos, que fez dueto com o Zé Carioca, estrelado pelo também bailarino e estudante de Arquitetura Tomaz Claudino, 27.
O casal de amigos vive em São Paulo, onde desfila pela Vai-Vai, e há três anos também participa da festa santista. “A gente ensaia lá, vem em alguns ensaios e já há um vínculo com a escola”, diz Mariana. “Aqui tem uma estrutura muito boa e o desfile está crescendo bastante”, complementa Tomaz.
Sangue Jovem
Quarta escola a entrar na passarela, a Sangue Jovem expôs toda a alegria e luta do povo nordestino com o enredo Em vida de viajante: a bravura cabra da peste na São Paulo de Nóis Tudim. A escola também homenageou o empresário José de Abreu e sua família, que abriram a primeira emissora de rádio nordestina em São Paulo, a Rádio Atual, em 1990.
A apresentação foi composta por 13 alas, 3 carros alegóricos, um quadripé e três casais de mestre sala e porta bandeira. Joice Vieira, 18, desfilou na ala que representou os grupos de quadrilha. “Muita emoção estar aqui porque o Santos é meu time e minha avó, que faleceu há 13 anos, também era santista. Desfilar com a Sangue Jovem significa muito para mim”, afirmou.
Amazonense
Já a quinta escola da noite foi a Mocidade Amazonense, do Guarujá, que entrou com 1.600 componentes na avenida. O enredo ‘Anastácia a princesa dos olhos da cor do céu’ contou a história da descendente da nobreza real africana que foi trazida escrava para o Brasil e se transformou numa santa heroína.
As referências à Mãe África compuseram quase todo o desfile, desde o imenso carro abre-alas com guerreiros tribais e animais da fauna do continente.  O navio negreiro foi lembrado no segundo dos três carros do desfile. Várias alas eram coreografadas e os integrantes cantavam animados o samba-enredo.
O comerciante Roberto dos Santos, 51, desfila há 30 anos na agremiação. “Se eu não desfilo, não tem ano para mim”, conta ele, que sempre sai na bateria mas optou por sair numa ala por não ter participado dos ensaios. “Este ano dá para ser campeã. A escola está muito bonita”.
Vila Mathias
Já passavam das 2h da manhã de domingo (4) quando o Grêmio Recreativo e Cultural Escola de Samba Vila Mathias iniciou seu desfile, animando o público. A agremiação exibiu o enredo A Vila canta o despertar de um povo. Cananéia: o Brasil começa aqui e contou, ao longo das 15 alas, sobre os encantos da cidade localizada no litoral sul de São Paulo.
Uma das alas destacou a culinária do local homenageado e foi composta por voluntários e pessoas com deficiência participantes do projeto Empresto minhas pernas. “Falamos com a escola sobre a nossa vontade de participar e eles aceitaram. Procuramos realizar o sonho dos atendidos pela iniciativa. Hoje é a primeira vez que muitos desfilam em uma escola de samba”, explicou o coordenador da ação, Stefan Klaus. 

Unidos dos Morros
A Unidos dos Morros foi a penúltima escola a desfilar. Com o enredo O bem-me-quer, mal-me-quer dos grandes amores, a agremiação saiu com 1.500 componentes, embalados pela bateria Chapa Quente. A comissão de frente retratou a sedução e a serpente com integrantes do Balé da Cidade de Santos, sob coordenação de Renata Pacheco. No carro abre-alas, um casal de corpo escultural, Luan Duarte, 27 anos, e Fernanda Volcov, 36, interpretou Adão e Eva.
“Estou muito feliz. É uma honra ser destaque na escola que amo. Tivemos um ano de muito trabalho, os carros estão bem feitos e acredito que este ano o título é nosso”, disse Fernanda, que é professora de Educação Física.
Outros casais famosos também foram lembrados no desfile, com destaque para Maria Bonita e Lampião, a Marquesa de Santos e o Imperador dom Pedro I até os tradicionais Pierrô e Colombina da marchinha de carnaval. 
X-9
A X-9 encerrou o último dia de desfiles do carnaval santista com muita alegria e cor. O enredo Armorial – A nobreza da arte nordestina no reino do carnaval apresentou o movimento artístico idealizado pelo escritor Ariano Suassuna, enaltecendo o universo do Nordeste brasileiro. A escola passou pela avenida com mais de 2.000 integrantes e 15 alas.
Sandra Maria Silva Barreto, 60, desfila com a agremiação desde os quatro anos. “Sou neta de um dos fundadores da X-9 e toda a família sempre foi envolvida com a escola. Nasci aqui dentro e sinto muito amor e orgulho de en
trar na avenida com eles”. Ela foi a primeira a entrar na passarela, abrindo a apresentação.

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